No dia 17 de Janeiro fez precisamente quinze anos que Miguel Torga morreu. Lembro-me como se fosse hoje. Tal como me lembro das vezes em que, adolescente, me cruzei, em Coimbra, com esse homem que parecia feito de pedra, da pedra de Trás-os-Montes, que ele tanto amava. Nessa altura, o livro «Novos Contos da Montanha» fazia parte do programa do 8.º ano. Acreditem que era bem mais difícil do que «Sexta-Feira ou a Vida Selvagem» ou «O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá»!! Por isso, olhava para Miguel Torga com com um misto de admiração e raiva por ter escrito aquele livro cuja leitura tinha sido tarefa tão árdua. Sentia um certo fascínio por aquela figura, pois achava que a pedra de que me parecia feito seria apenas uma capa ou uma armadura. Mais tarde, ao penetrar na sua obra, pude comprová-lo: era, afinal, feito de uma grande humanidade!
Hoje, lamento nunca o ter interpelado. Talvez tivesse conseguido arrancar-lhe um sorriso. Um sorriso que seria só meu.
Hoje, lamento nunca o ter interpelado. Talvez tivesse conseguido arrancar-lhe um sorriso. Um sorriso que seria só meu.
Marta, que bonito texto! A vida é feita de hesitações e algumas ficam-nos encravadas na garganta, para sempre...Fica-te com um sorriso imaginário, nada a fazer...
ResponderEliminarBé